sábado, 6 de outubro de 2007

Conhecimento nunca é demais.

Após fazer uma Fiscalização juntamente com a Comissão de Defesa do Meio Ambiente da Alerj de uma Empresa que não tinha Licença de Operação para exercer atividades com sucata de chumbo, resolvi pesquisar um pouco mais sobre o assunto na internet e encontrei esse artigo muito interessante.


Nova forma de estudar poluição identifica fonte emissora
Agência USP-20/05/2005


O método convencional de medição de poluentes atmosféricos, que geralmente examina apenas a concentração de elementos no ar, pode contar com mais um aliado em sua análise referente à contaminação de chumbo (Pb) nas cidades. Inédita no Brasil, a nova forma de abordar a poluição, utilizada em estudo de pesquisadores do Instituto de Geociências (IGc) da USP, torna possível identificar a fonte emissora do metal no ambiente.

O chumbo é um metal pesado extremamente tóxico e que chega até os seres humanos principalmente pelo ar, água e cadeia alimentar, de forma acumulativa. Os seus efeitos tóxicos, entre outros, incluem sintomas como náusea, perda da coordenação, hiperatividade, confusão mental e perda de memória. Em casos mais severos, a incorporação deste elemento químico pode levar a pessoa ao estado de coma e à morte.

O chumbo é encontrado na natureza na forma de quatro isótopos estáveis: 206Pb, 207Pb, 208Pb e 204Pb. Nesta técnica os pesquisadores determinam um número, fruto de um cálculo feito a partir da razão encontrada entre as diferentes quantidades de três destes isótopos do chumbo captados na atmosfera (206Pb/207Pb, 208Pb/206Pb e 208Pb/207Pb). Logo após, o número encontrado é relacionado com o valor resultante da mesma medida feita em amostras contendo chumbo encontrado numa fonte poluente. O método já é utilizado em alguns países da Europa e EUA.

De maneira simplificada, se a quantidade de 206Pb obtida na atmosfera for dez e a de 207Pb for dois, a razão isotópica será igual cinco. Para identificar a fonte daquele tipo de poluente, os pesquisadores irão procurar, neste caso, uma indústria cuja emissão de 206Pb e 207Pb apresente a mesma razão isotópica: cinco.

O cálculo, muito mais complexo do que o realizado no exemplo, serve, portanto, como uma espécie de "impressão digital". "Conhecendo a razão isotópica correspondente a uma fonte, torna-se possível determinar a origem daquele material encontrado na atmosfera", explica Marly Babinski, coordenadora do grupo. "Isto só é possível pelo fato de o chumbo emitido no meio ambiente reter a composição isotópica do depósito mineral do qual foi derivado, permitindo não somente diferenciarmos o chumbo industrial do natural, mas também ajudando a traçar a contaminação", completa Simone Gioia, pós-doutoranda orientada por Marly.

Origem do chumbo em São Paulo

Utilizando esta técnica, o grupo realizou um estudo sobre a origem do chumbo na atmosfera de São Paulo entre 1999 e 2001. Além da constatação de um leve aumento na concentração geral do elemento na atmosfera, foi demonstrado que, apesar de as fontes industriais terem sido as mesmas, uma destas emissões, que ainda não foi identificada, ganhou maior importância no período. "Algumas das emissões industriais tiveram suas fontes identificadas por meio de coletas feitas nas próprias indústrias; mas uma fonte em particular, com valores bastante altos (denominadas "razões radiogênicas"), apesar de ter sido detectada nos filtros coletados, não teve sua origem determinada", aponta Marly.

Mesmo não identificada, foi observado que a participação desta fonte em relação ao total das emissões cresceu de 16% para 29%. Além disso, em 2001, ela foi observada em todas as estações do ano, enquanto em 1999-2000 foi captada somente na temporada de chuvas. "A busca continua para verificar a origem desta emissão", ressalta a pesquisadora.

Os resultados do estudo mostraram que a concentração de chumbo na cidade varia entre 3 e 378 nanogramas por metro cúbico (ng/m3). "Estas concentrações estão muito abaixo daquelas observadas em outros centros urbanos, como Shangai, China (167 a 854 ng/m3), mas relativamente altas se comparadas àquelas obtidas em alguns países europeus, como Dinamarca e Finlândia, ou em algumas cidades brasileiras, como Brasília", diz Marly.

As maiores concentrações de chumbo na atmosfera paulistana, segundo a pesquisa, são observados no inverno, enquanto as menores, no verão. "Todos estes valores já haviam sido obtidos por outras técnicas e por outros grupos que realizam estudos na atmosfera. O que o nosso grupo obteve de inédito foram as razões entre os isótopos de chumbo que mostraram valores distintos para diferentes fontes emissoras do material para a atmosfera, tanto as naturais quanto as antrópicas", explica Marly.

O estudo, intitulado "Mudanças na Atmosfera da Cidade de São Paulo, Brasil, de 1999 a 2001: uma Abordagem Isotópica" será apresentado, entre os dias 05 e 09 de junho, no XIII International Conference on Heavy Metals in the Environment, que acontecerá no Rio de Janeiro.


Fonte: Site Inovação Tecnológica
www.inovacaotecnologica.com.br

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